Análise: "Tell me the name" MV e o jeitinho JeffSats de curtir um bom som.
- Saturdayss Brasil
- 20 de jun.
- 3 min de leitura
Ele não nos entrega uma história linear, como sempre é emocional. Ele joga com as tonalidades novamente para tons terrosos, tons azuis, o branco e o preto em contraste e o vermelho em pontos específicos, nos dando indícios da construção da narrativa. (Em outras análises, já conversamos sobre como as cores influenciam. Procure-as para entender melhor como Jeff Satur usa todos os recursos cinematográficos a favor da sua narrativa).

A pureza e a delicadeza (o branco) se dissolvem, tingidas pela perda. A paleta escura, os contrastes fortes entre luz e sombra (com quando ele a encontra logo no início e a luz está apenas nos dois, com a destruição toda envolta na sombra), os tons de azul nos guiando para uma melancolia, o vestido que era branco e se torna preto no momento em que aparentemente a vingança acaba e os dois estão sós, não são só estética: são metáforas vivas da alma do personagem. Ele se deixou envolver pela escuridão, mas não como rendição. A dor se tornou armadura. A vingança, escudo.

Mais uma vez ele nos brinda com um enredo aberto a teorias. E esse é o jeitinho JeffSats de curtir um bom som: assistindo muitas vezes, procurando detalhes nas notas em combinação aos frames, observando minuciosamente e surtando a cada nova possibilidade. É isso que faz do Multiverso On Saturn tão especial.
Então, vamos às teorias: se considerarmos que esta é uma linha do tempo de Sunshine, podemos dizer que a narrativa não é sobre qualquer vingança, mas a dele próprio. Não é altruísmo. Não é redenção pelos outros, como a letra da música nos induz a pensar. É o voto de alguém que foi profundamente tocado pela primeira traição e que, desde então, não conseguiu mais voltar a ser quem era. Carrega cicatrizes antigas e que agora, ao ver as novas feridas no corpo da pessoa amada, sente tudo renascer: a dor, a culpa, a impotência. Mas diferente do passado, desta vez, ele responde. Ele age. E transforma tudo em um ato solene de justiça pessoal.
O que nos leva a outras teorias: as feridas transferidas de um corpo para o outro são realmente porque ele tomou para si aquela dor, ou são, desde o início, suas próprias feridas projetadas em alguém que nunca existiu de verdade em sua vida? Ou uma terceira ainda: é sobre alguém que ele deveria ter salvo mas não conseguiu e por isso carrega as feridas em si mesmo.
Para mim, seguindo todas as linhas do tempo do multiverso de Jeff, e o que as tatuagens entregam: ela traiu sua corporação e o incitou a matar todos eles, quando ele percebe o que aconteceu ele também a mata; por isso vemos a dança (ela ainda de branco), seguimos para o abraço (com ela de preto), logo temos o abraço por trás (com ela de branco) e então ela some, como se ele sentisse falta daquela que nunca existiu.
Como eu amo ressaltar, Jeff é um artista de detalhes, e a atuação não podia ser diferente. Deixo vocês com alguns dos olhares… apreciem como o olhar de ódio dele quando ele está vingando a amada é sutilmente diferente do olhar dele quando realiza a traição. É tudo ódio? É, mas é diferente, e Jeff imprime muito isso.
Continuem assistindo e procurando por detalhes, continuem teorizando e surtando junto com a gente porque o MV fecha com o ciclo emocional ambíguo. Não sabemos se ele se vingou, se perdeu, ou se apenas se tornou mais vazio.
Mas, dois pontos ficaram latejando na cabeça desta adm aqui:
1) Amamos Jeff mafioso. Saudades, Kim!
2) O que a mão com bandagem está fazendo segurando um bilhetinho sobre o diabo enquanto o Damon assobia antes do Jeff cantar que não é o céu nem o inferno?! (emoji emocionado).

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